quinta-feira, 9 de agosto de 2018

RELATO DE PRÁTICA - Poema





          

Escute o que vou te contar...

Já no início do ano letivo, ao adentrar nas salas de aula da Unidade Escolar Lélia Silva Trindade percebi que este ano não seria igual a tantos outros.
Havia duas razões para que isso acontecesse. O primeiro motivo era a reforma na estrutura do prédio que aconteceria paralelo às aulas e o segundo motivo
seria a heterogeneidade da turma de sexto ano que ora eu estava assumindo. O sexto ano “B” diferente das demais turmas possui muitos alunos com distorção idade-série
(alunos com faixa etária entre 11 e 18 anos de idade). De imediato senti que a minha tarefa ali não seria das mais fáceis.
Prestem bastante atenção às coisas que eu vou lhes contar:

"Eu venho lá do sertão!" - terra seca e de povo sedento. Temos muita sede: de água e de saber!
 Infelizmente, essa sede de saber não está em todos os nordestinos, e principlamente, não está presente na vida de todos os meus
alunos da turma "B" do 6º ano do Ensino Fundamental da esccola pública municipal Lélia Silva Trindade.
Foi com muita relutância que apresentei a eles a Olimpíada de Língua Portuguesa escrevendo o futuro.
A desatenção, a incredulidade e a ausência de sonho, não permitiram que aqueles meninos e meninas tão carentes se engajassem nesse sonho tão real.
"Voar? __ Como assim, profesora? A senhora quer dizer que se passarmos iremos voar? De avião?" __ Indagavam-me sem acreditar na possibilidade!
"O nordestino é antes de tudo, um forte"! - assim dizia o poeta! E, é exatamente essa fortaleza que nos faz sonhar e crer em dias melhores.
 É o fato de sermos fortes que nos leva a crer que podemos sim, escrever o futuro!
2016 __ ano de Olimpíada! O espírito olímpico contagia o povo brasileiro e também os estudantes de escolas públicas.
É dada a largada para mais uma competição entre autores anônimos que vislumbram tocar o coração daqueles que já não enxergam com bons olhos o lugar onde vivem.
A missão é árdua! É preciso ter muita sede e a persistência de um forte para vencer cada etapa.
Ciente da minha missão, resolvi mais uma vez participar dessa competição: abracei pela quarta vez, mais uma edição da Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro, no entanto, este ano, seria diferente! Agora carregava comigo a experiência de ter sido semifinalista em duas categorias no ano de 2014 .
O desafio agora era competir em outro gênero: Poema! - uma chama de sentimentos tomou conta de mim. A hora era agora!
Precisava vestir a camisa do nosso time e vencer! Vencer não só a competição, mas os medos, as angustias e a descrença de que poderíamos sim, representar o nosso estado na Semifinal da Edição de 2016, assim como já o representamos em edições anteriores, mesmo que em gêneros diferentes.
são vinte anos da docência. Metade de minha vida foi dedicada ao ensino. Já pensei muitas vezes em desistir, mas graças a Deus, em cada turma que recebo, sou presenteada, nem que seja com apenas um aluno, que me incentiva a continuar!
Em meio a tantos olhares percebi que havia um que se destacava. Era a injeção que me faltava!
Vesti a camisa, arregacei as mangas e suei para que a minha missão
fosse alcançada com êxito.
A princípio pensei em desistir antes mesmo de começar, pois nem eu acreditava que em meio a tantos alunos com dificuldades encontraria um que não se deixaria
"influenciar" e que também vestiria a camisa de nosso time para vencer mais essa Olimpíada.
Como estímulo, apresentei à turma alguns objetos (medalhas, revistas e fotos) da última Olimpíada de Língua Portuguesa Escrevendo o Futuro em que participei.
Falei-lhes da possibilidade de participarmos e vencermos mais essa edição. Voei alto! Mas infelizmente, nem todos se dispuseram a participar e a alçar voo rumo à tal competição.
Lembro-me que em uma das aulas pedi que olhassem com bastante atenção o lugar onde vivem. Pedi que observassem e anotassem para trazer na aula seguinte, cada detalhe que
caracterizasse a nossa terra, o nosso chão. Observem TU-DO! (foi exatamente esse o comando). Contemplem ruas, praças, pessoas, sotaques, costumes, vozes, enfim não descartem
nenhum pormenor, pois esse pode ser a cereja do “bolo” (no nosso caso do poema) que fará toda a diferença em nossa escrita.
A “sorte” foi lançada!
No dia marcado para receber tais anotações, não consegui camuflar o meu desânimo, pois minha decepção estampava a face desta professora que vos fala – Apenas
três alunos trouxeram o que pedi. Mas isso não me fez desistir. Coletei as informações e as transcrevi para a lousa.
Pedi que averiguassem se ainda havia algo que não fora citado. Aí sim, senti a euforia de todos. Meu rosto iluminou-se!
Muita coisa foi lembrada e citada por “meus meninos” e nossa lista crescia fervorosamente.
De posse dessas informações passei a instigá-los a escrever um poema coletivo sobre a nossa cidade. Eles riam com as rimas sugeridas e se deliciavam com cada verso construido.
Não escondo o quanto me senti orgulhosa!
Certo dia levei a “Coletânea de poemas” e juntos lemos a poesia “Tem tudo a ver” de Elias José. Na sequência debatemos os conceitos de poema e poesia. E mais uma vez
me surpreendi – a turma toda participou! Era o início de mais uma edição do escrevendo o futuro. Falei de Mário Quintana, Bráulio Bessa, Patativa do Assaré, Drummont...Foi fantástico!
O tempo passava e eu a cada dia sentia maior necessidade de desenvolver as oficinas propostas.Porém, nem tudo acontece como desejamos.
As reformas da escola misturada aos desânimos de alguns alunos foram a cada dia distanciando-nos de nosso objetivo – a semifinal.
O primeiro semestre findou-se e com ele foi-se também a euforia de muitos de meus alunos. Eu ainda acreditava que poderíamos chegar lá, pois tínhamos muita coisa encaminhada.
Foi aí que resolvi imprimir alguns textos de alunos que já haviam se classificado em outras edições da OLP.
Ao ler e analisar os textos perceberam que não era tão difícil produzir um texto poético, no entanto, algumas características precisavam ser consideradas: rimas, figuras de linguagem,
sentido próprio e sentido figurado e outras tantas características do gênero. Mas o que me chamou atenção foi o fato de que o desejo aflorou mais uma vez em cada olhar.
Claro que houve os que não se engajaram, os que não ousaram sonhar junto aos demais, mas que mesmo assim, torciam para que ao menos um texto saísse de nossa turma
para que pudéssemos representar a escola. A maioria passou da posição de competidores à de torcedores!
Ainda tentei resgatar alguns de nossos jogadores, mas infelizmente não obtive êxito.
Mas Roseane (a mais nova da turma), embarcou nesse avião e insistiu em voar... voou nas asas da imaginação e traçou os primeiros versos falando ne nosso chão,
de nossa gente e de nossa força! As mãos e a pureza de criança traçaram os versos que sensibilizariam a todos. Era a voz do presente escrevendo o futuro!
Nosso prazo se esgotava e precisei auxiliar os alunos na lapidação dos seus textos. Foram dias e dias de reescrita e ajustes para que os textos pudessem estar à altura de competir e
quiçá disputar etapas futuras.
Após a escrita final, o texto Alma Sertaneja foi escolhido para representar a escola na etapa municipal. A alegria foi contagiante quando a Comissão Municipal anunciou a escolha do texto
para representar o município na Etapa Estadual, mas nada se comparou com à felicidade de Roseane ao saber que o texto de sua autoria havia passado também para a etapa seguinte.
__ "Eu consegui professora, conseguimos!! Uhuuu!" Ainda me arrepio ao lembrar dos seus gritos ao receber a notícia de sua classificação.
Parafraseando Suassuna, afirmo que o professor, "é antes de tudo, um forte!" E é exatamente essa força e persistência que nos trouxe até a semifinal.
Já somos medalha de bronze! Mas contianuamos na disputa por mais um lugar no pódio!
Estamos com as malas prontas para voarmos rumo à Salvador, mas continuamos sonhando em seguir até o Planalto Central em busca do Ouro Olímpico!


Rosa Luzia Ribeiro da Silva

A influência dos meios de comunicação no ambiente de ensino-aprendizagem




É inegável que os meios de comunicação são instrumentos essenciais na disseminação de informações e um indispensável canal de sociabilidade no contexto globalizado em que estamos inseridos. Recentemente o fenômeno da midiatização trouxe muitas reflexões quanto ao seu uso em ambientes educacionais.
Os meios de comunicação em geral quebram as barreiras existentes entre os diferentes usuários, e como destaca Sousa (2015, p.02) “os meios de comunicação estão intimamente presentes no cotidiano dos sujeitos, construindo caminhos a serem seguidos e posturas a serem assumidas”.
Martín-Barbero (1995) também chama a atenção para o fato de que os meios de comunicação influenciam no modo de ser das pessoas e este, é mais um motivo a ser considerado ao utilizar tais instrumentos como recurso pedagógico.
Contudo, é pertinente chamar a atenção para o fato de que mesmo reconhecendo a importância desses recursos para o desenvolvimento de atividades pedagógicas, pouquíssimas são as escolas que utilizam essa tecnologia pedagogicamente. Ainda há muita carência de formações e informações sobre o uso de tais recursos, por isso, é preciso que as escolas provoquem os sujeitos da prática educativa a promover atividades que explorem tais recursos em suas infinitas possibilidades, pois não basta conhecer é fundamental usufruir dessas vantagens que nos são disponibilizadas.

 Rosa Luzia R Silva


Relato de prática - Crônica







Fazendo História


“É tempo de travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.” Pensando nessas palavras de Fernando Pessoa, convoquei meus alunos do 9º ano a trilhar junto comigo todas as etapas da 4ª Edição da Olimpíada de Língua Portuguesa. E fundamentados no pensamento de Mário Quintana o qual afirma que “são os passos que fazem os caminhos’, resolvi seguir cada passo sugerido para alcançar nosso objetivo: Vencer a Etapa Municipal da Olimpíada, pois para nós, isso já seria uma bela conquista!
Estou na docência há mais de 15 anos e participei de 3 das 4 Edições da Olimpíada de Língua Portuguesa, porém nunca com muito sucesso!
Este ano, ao mesmo tempo que trabalhava com o 8º ano com o gênero “Memórias Literárias”, com o 9º ano, o gênero era “Crônica”. Aqui o olhar tinha que ser mais sensível. Então, a minha missão era provocar em meus alunos a garimpagem cenas corriqueiras do “Lugar onde vivem” que pudessem se transformar em “histórias” onde o cenário e os protagonistas fossem de nossa Anísio de Abreu.
A princípio, fiz a divulgação da Olimpíada, mostrei um slide com a definição do gênero e suas principais características do mesmo. Em seguida, busquei colocar meus alunos em contato com uma diversidade de crônicas - o livro didático contribuiu bastante, pois nos traz muitos textos de tal gênero. Apresentei à turma a coletânea de textos (material da última Olimpíada), pedi que escolhessem aquele que mais lhes chamassem atenção pelo título. As escolhidas foram: A última crônica (que por sinal sensibilizou muitos deles), Um caso de burro, Peladas e O amor acaba, esta última inspirou a elaboração de um texto coletivo sobre o tema “Amor”. O primeiro texto nos estimulou a fazermos reflexões sobre a escrita.
Pedi que os alunos listassem sobre situações típicas do cotidiano do nosso município, escola, comunidade... e escolhessem uma e, a partir dela, escrevessem uma crônica, considerando as características do gênero. -  Vamos fazer história! – mal sabia eu que íamos mesmo!! Para minha surpresa, muitos textos estavam adequados.
Em outra ocasião pedi que trouxessem fotos de cenas do cotidiano e realizamos uma atividade com o tema: “Isso dá crônica”. Em duplas, elaboraram crônicas e fizemos a exposição das mesmas para a turma. Essa etapa foi bastante produtiva.
Pedi que pesquisassem em sites locais, as últimas notícias sobre o município. Daí obtivemos uma série de temas: campeonatos, festejos, assaltos, escassez de água, violência, drogas e uma infinidade de temas que possibilitou a escrita de crônicas com enfoques diversos (humor, crítica ou emoção).
As oficinas foram acontecendo de forma natural e o gênero foi sendo assimilado pelos alunos a cada dia. Confesso que eles se saíram melhor que o esperado. Claro que tiveram aqueles que resistiram em realizar as propostas, mas no geral, foi ótimo! Fomos interrompidos pelas férias que, este ano, foram mais longas devido à Copa do Mundo!
As férias terminaram e era a hora de iniciar a proposta da Olimpíada de Língua Portuguesa e construir uma crônica com o tema "O lugar onde vivo". Agora era pra valer!! Não bastava ter linguagem simples, tinha que tocar o leitor, provocar sentimentos...situá-lo no espaço e no tempo...utilizar os verbos de dizer...usar figuras de linguagem, enfim, a escolha do tema seria fundamental! E o olhar e sensibilidade do cronista imprescindível!!
Dado início às propostas, obtivemos bons textos. Alguns bastante adequados à Olimpíadas, outros nem tanto! Por fim, apenas três textos me chamaram atenção: o primeiro me falava da copa do mundo, o outro falava da própria olimpíada, e o terceiro falava de algo singular - uma obra inacabada que foi construída em frente a única atração turística da cidade. Estes foram os escolhidos para serem aprimorados, mas apenas um representaria a escola na etapa municipal.
Ainda tinha um desafio: atingir os alunos que não se engajaram. Buscar técnicas para tocá-los, buscando o crescimento coletivo. Apresentei alguns textos produzidos em etapas anteriores por aluno da escola. Lembro-me de um comentário: “Nossa, professora foi ele mesmo quem fez?” e também da minha resposta: “Sim, após várias reescritas”.
Já estávamos na última semana e incansavelmente as alunas, autoras das melhores crônicas, reescreveram seus textos buscando aprimorá-los e adequá-los às exigências da Olimpíada. Gabriela da Luz, foi a aluna autora do melhor texto. E o texto que representaria a escola? “Nem sempre quem cala consente”.
Alcançada a Etapa Municipal, restava apenas torcer para que o nosso texto conseguisse chegar à próxima Etapa.
Semanas se passaram e o inesperado aconteceu. Recebi um E-mail nos parabenizando pela classificação na Etapa Regional da Olimpíada de Língua Portuguesa de 2014. E a profecia se cumpriu:Fizemos História!! Anísio de Abreu, pela terceira vez é Medalha de Bronze!!
Faço minhas as palavras de Martin Luther King: após esta conquista, “não sou mais o que era antes!

Rosa Luzia Ribeiro da Silva


RELATO DE PRÁTICA – Memórias Literárias




Professora Rosa Luzia Ribeiro da Silva
Escola: Lélia Silva trindade


2014, ano de “Copa do Mundo”. Para muitos brasileiros ser campeão da Copa seria a melhor conquista, mas não para mim! Sou professora de Língua Portuguesa e há 17 anos atuo na rede pública municipal de minha cidade - Anísio de Abreu – que situa-se na região semiárida do Estado do Piauí, mais especificamente no corredor ecológico que liga os Parques Nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões.
2014 para mim representa muito mais que o ano em que o Brasil sediaria a Copa do Mundo. 2014, meus caros, é um “ano par”, ou seja, ano de Olimpíada de Língua Portuguesa!!
Participei de três das quatro edições da Olimpíada de Língua Portuguesa, sempre com as categorias: poesia e crônica. Mas este ano, foi diferente!! Leciono nas séries finais do Ensino Fundamental (8º e 9º anos). Fiquei muito feliz quando percebi, que este ano, poderia participar da Olimpíada de Língua Portuguesa também na categoria Memórias Literárias, pois tenho verdadeira paixão pelo gênero!
As aulas iniciaram e eu com toda empolgação fui logo falando aos alunos sobre a nossa meta para este ano: participar e quiçá, vencer a Olimpíada de Língua Portuguesa!! E parafraseando Barack Obama, usei o quanto pude a expressão: “Sim, nós podemos!” Confesso que não acreditava muito em tal possibilidade, devido à escassez de tempo, pois nosso calendário escolar havia sido modificado devido a tão sonhada Copa do Mundo. Mas como tinha conhecimento dos gêneros a serem trabalhados em cada série, iniciei os trabalhos focados na Olimpíada mesmo antes da chegada do material.
A princípio, fiz a divulgação da Olimpíada. Nesse período, fiz referência aos alunos de minha cidade que já haviam participado das etapas regionais da Olimpíada em edições anteriores (2008 e 2010) que coincidentemente pertenciam aos gêneros Memórias e Crônica. Mostrei para eles que tínhamos grandes chances de também chegarmos a essa etapa.
Com os alunos do 8º ano, incentivei a leitura de livros de memórias como “Bisa Bia, bisa Bel”, “Por parte de pai” e “O olho de vidro de meu avô” entre outros. Alguns dos livros sugeridos foram lidos e apresentado pelos alunos por meio de roteiro de leitura e exposição oral. Contudo, tive resistência de alguns alunos, pois a maioria não tem o hábito de leitura e não conseguiram entender o real objetivo da atividade. Mesmo assim, insisti no meu objetivo!
Quando o material chegou, comecei a realizar as Oficinas propostas. E o tempo??? Curtíssimo!!!!!!!
Os conteúdos do livro didático foram deixados de lado...Lembro-me que a primeira atividade a ser realizada foi a apresentação de um áudio do texto indicado no material de apoio, lembro-me ainda, que todos acharam difícil, mas tratei logo de dizer-lhes que era possível, até porque eles falariam de algo que eles conhecem - o lugar onde vivem!
Tínhamos exatas 3 semanas (15 aulas) para realizar as Oficinas propostas, assim, convoquei a turma para elaborarmos coletivamente o questionário para a entrevista, seguindo a sugestão do caderno.
Na aula seguinte, sugeri a realização de uma pesquisa de campo (para garimpar objetos, fotos e moradores que lembrassem algo sobre o lugar) - essa etapa foi muito prazerosa – alguns alunos saíram a campo perguntando a várias pessoas (pais, vizinhos, avós, moradores da comunidade, até o vigia da escola entrou nesse rol) o que eles lembravam do lugar onde eles viviam (brincadeiras, vocabulário, namoro, locais, comidas e TODA marca do passado que pudessem lembrar).
Ainda tínhamos que fazer a exposição dos objetos achados – que por sinal foi PER-FEI-TA!!!;
A apresentação do resultado das entrevistas foi muito gratificante pois percebi a empolgação dos alunos ao contar o que haviam colhido (essa atividade nos fez viajar até os primeiros anos de criação de nosso município) – A semente havia sido plantada!
Na etapa seguinte partimos para a elaboração do texto a partir da entrevista realizada, e por fim, a seleção dos melhores textos!! – Isso me rendeu noites e noites de muita leitura e anotações. A esta “altura do campeonato”, tínhamos apenas 1 semana. Eu já me encontrava “no limite” rsrsrsr, mas a empolgação (minha e dos meus alunos) persistia em reinar.
Aventuramo-nos nas inúmeras atividades realizadas: a roda de conversa, a exposição de objetos antigos, as visitas à biblioteca... e a cada história contada, nos rendia muitas e muitas gargalhadas, lágrimas e arrepios!
Os textos foram criando formas e entre linhas, pontos e vírgulas Anísio de Abreu foi sendo descrita num cenário visualizado por cada entrevistador! Foram selecionados os três melhores textos de cada uma das 2 turmas de 8º ano em que leciono. Pedi aos alunos selecionados para enriquecerem seus textos. Sugeri a reescrita dos mesmos, levando em conta as marcas do passado, figuras de linguagem, sentimentos do entrevistado, enfim falei que os textos tinham que “arrepiar” o leitor! E assim o fizeram!!!
Última semana. Reta final... 3 textos...
Análise feita: Edilânia Ferreira dos Santos, o texto é o seu!!!!!!!!
– “Êba!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!” - O grito ecoou nos corredores do Lélia Silva Trindade.
Fim da primeira fase: 1 aluna (autora), 1 professora (orientadora), ambas competidoras! Queríamos vencer mesmo que fosse a etapa Municipal!
Os dias se passaram e logo recebi a notícia!! “Professora, o texto de sua aluna vai representar o Município na Olimpíada de Língua Portuguesa”. Missão cumprida!! – foi o que pensei.
Mas o melhor ainda estava por vir...  O texto de minha aluna foi selecionado para a Etapa Regional. A felicidade tomou conta de mim!!! Percebi que nada e nenhuma dificuldade supera tamanha alegria. Como dizia o poeta Fernando Pessoa, “Somos do tamanho de nossos sonhos”. E o nosso sonho foi concretizado, Medalha de bronze, você é NOSSA! E o segredo? Acreditar que somos capazes! Semifinal, aí vamos nós!!!!!!!!!!!
Por tudo isto, 2014 para mim, é “ano ímpar”!!!


Crônica - E agora?


Era uma manhã como outra qualquer, estava a caminho da escola seguindo o mesmo trajeto que faço cotidianamente. Nada diferente dos outros dias, apenas o fato de seguir a pé e não de carro como de costume.
Ao passar pelo Mercado Velho, uma cena me chamou atenção. Logo na esquina vi aquela criatura de olhos verdes como duas esmeraldas a vasculhar um tonel de lixo que fica bem ao lado do mercado. Notei que ele não apenas revirava o lixo, mas separava-o cuidadosamente meio desajeitado deixando cair pelo chão o que havia sido armazenado em sacolas pelos moradores e comerciantes dos arredores.
Fiquei ali alguns minutos observando aquilo que já havia presenciado outras vezes, mas que agora resolvi observar mais de perto...percebi que a criatura comia de vez em quando alguns dos alimentos encontrados naquela lixeira. Com uma caixa sobre a cabeça caminhava de um lado para o outro balbuciando algumas palavras desconexas. Seu olhar era inquieto, parecia assustado e temeroso. Exalava um odor insuportável, não pelo fato de estar em meio a tanto lixo, mas por não ter o hábito de tomar banho.
Havia por ali outras pessoas, mas aparentemente ninguém o via; ou via e não enxergava. Se é que podemos ver sem enxergar! Os meus olhos não me deixaram sair daquele lugar sem saber o desfecho daquela história.
A curiosidade tomou conta de mim...
__E agora, Padim?
__E agora, Madinha? __ Ele repetia esse questionamento a todo momento.
E eu comecei a imaginar...
E agora, o quê?
O que será que se passa na cabeça daquela pobre criatura?
O que será que ele pensa?
O que será que ele sente?
E agora, Padim?
E agora, Madinha?
Segui o meu caminho com aquela pergunta na cabeça.
Se algum dia passares pela minha cidade e por acaso encontrar um menino de olhos verdes, sujo, de pés descalços, roupas mulambentas, com uma caixa de papelão nas mãos ou revirando o lixo, não se assuste: é o Padim, nosso pobre e ilustre menino de rua.

Rosa Luzia Ribeiro da Silva

Eles e eu




Nasci em uma cidadezinha do interior do Piauí. Gostava muito de brincar na casa de meus avós que ficava na rua de cima - assim nós chamávamos a Avenida Capitão Manoel Luiz. A casa da vó era o melhor lugar do mundo para mim, que passava o dia contando as horas para poder ir para lá.
A casa era simples, mas bastante acolhedora. Tinha uma calçada alta, porta larga e janelas estreitas. Na sala tinha um espelho com moldura azul celeste e alguns quadros de Santos de sua devoção e também a fotografia pintada a mão da minha Bisa Maria Joaquina. O quintal era bastante grande e com inúmeras laranjeiras. Havia também um pilão onde minha avó fazia corante com as sementes de urucum que colhia ali mesmo no quintal. Às vezes ela colocava o milho de molho para, ao amanhecer, ela moer e fazer um delicioso cuscuz.
Mas o que mais me recordo das idas à casa de minha querida avó, são das rezas para São José que era festejado por ela e pela vizinhança todos os anos. Acho que foi aí que despertei o interesse pela leitura. Eram nove dias de rezas para o Santo, que por anos fora também festejado pelos antepassados da minha avó. No último dia de reza – 19 de março – ela servia aos devotos um banquete recheado com biscoitinhos de polvilho, batizados por nós, como “bolinho de São José” acompanhado por chás e café fresquinho.
Meu avô, era o vigia da escola onde eu estudava. Ele era um homem sereno, brincalhão e cheio de uma sabedoria popular infinita. Aprendi muitas coisas com ele. Às vezes, quando acabava a energia, reuníamos todos na calçada da casa da vó para ouvirmos os causos contados pelo meu avô. Ele sabia de cor, os mais diversos contos: comédias, tragédias, terror, enfim tudo que fosse solicitado ele contava, quando não sabia, inventava. A noite passava rapidinho enquanto ele contava suas histórias e eu viajava em cada aventura contada.
Minha mãe era professora das séries iniciais e sempre estive rodeada de livros por toda a parte... Bíblia, catecismo, dicionários, livros de receitas, literatura, enciclopédias enfim, ela tinha uma estante enorme cheia deles.
Ainda muito pequena aprendi a ler e a escrever. Tinha muito medo da palmatória que minha tia usava quando ia nos tomar a lição de casa. Tal medo me ajudou a ser alfabetizada bem cedo. Lembro-me da cartilha do A-B-C que minha mãe usava para alfabetizar seus alunos e que eu folheava sempre que podia.
Ainda na infância, passava as tardes brincando de escolinha no quintal da vizinha, fazendo de conta que aprendia enquanto ela fingia que nos ensinava. Era uma diversão só!
Lembro-me com carinho da minha primeira professora, sempre gentil e criativa, que nos apresentou os meios de comunicação quando os mesmos ainda estavam muito distantes de nossa realidade. Os clássicos da literatura infantil contados e dramatizados por ela, nos conduzia a um mundo fantástico e encantado. Era o mundo da leitura.
Já no Ensino Médio, contei com a sorte de receber aulas das melhores professoras de Língua Portuguesa e Literatura de São Raimundo Nonato – onde aprendi no curso pedagógico, a arte de ensinar -, minha inspiração foi a professora Dulcenildes, a quem comecei a admirar e a sonhar em ser igual a ela...Leituras? eu fiz muitas! Machado, Alencar, Pessoa, Clarice...
Hoje sou professora e busco ser exemplo para os meus alunos assim como eles (professores e livros) foras exemplos para mim. Li e conduzi a leitura para muitos, crianças, adolescentes, jovens e adultos... E, como diria o poeta, “tudo vale a pena”, e como vale!!
  
Rosa Luzia Ribeiro da Silva


RESENHA - UM CONVITE À IMAGINAÇÃO




Baseado no poema: História da unha do dedão do pé, de Manoel de Barros, o vídeo em desenho animado: Histórias da unha do dedão do pé do fim do mundo dirigido por Evandro Salles e Márcia Roth, traz uma animação bastante envolvente que apesar de pequeno e simples, consegue tocar o leitor/expectador de qualquer idade, contribuindo para o repensar da função da escrita e suas infinitas possibilidades.
De forma lúdica e criativa, Evandro Salles e Márcia Roth sugerem ao leitor uma viagem ao reencontro com o mundo da infância, nitidamente descritas, por meio das conversas do autor com sua mãe, bem como os sonhos e as imaginações das crianças que viam, no mundo da fantasia, as possibilidades de viverem situações impossíveis na sua realidade. Ao mergulhar na história contada na animação, o leitor (expectador) tende a resgatar a infância perdida ou mesmo esquecida no cenário da sociedade atual.
Manoel de Barros mostra em seu poema, a relação que ele tinha com as letras, as palavras, os significados, enfim, com a imaginação. Tanto o poema como o vídeo podem ser usados, principalmente, na Educação Infantil, sinalizando possibilidades de letramento entre este público. A animação do poema mostra a pureza das coisas, a leveza e a delicadeza presente na vidas das crianças, e esta semelhança entre o poema e as crianças, desperta também nos educadores a possibilidade de trabalhar “‘História da unha do dedão do pé’ do fim do mundo”,em sala de aula, sensibilizando os alunos sobre este gênero tão pouco explorado em ambientes escolares nos dias atuais, onde a tecnologia invade, sem pedir licença, o coração e a mente de nossas crianças.
Seus versos descrevem a escrita e as palavras por meio de imagens. Manoel de Barros afirma que “Escrever é como levar água na peneira” levando-nos a perceber a infinidade de possibilidades da escrita. O poema pode agradar tanto adultos como crianças visto que em qualquer idade podemos viajar no mundo da imaginação e se apaixonar pelas letras e pelas palavras, pois como o próprio autor menciona em seus versos, “O tamanho das coisas a de ser medido com a intimidade que temos com tais coisas”. Assim, quanto mais cedo a criança tiver contato com o mundo da leitura e da escrita, mais precocemente será letrada.
O poeta, faz-nos “um convite ao desprendimento, um convite à lógica, às situações livres e até absurdas - “sem pé nem cabeça”, e por fim, um convite a realizar coisas que só a inocência das crianças nos permitem. Que tal vestirmo-nos do espírito infantil e gozarmos dessa deliciosa viagem que o autor nos propõe? Afinal, somente quem nunca foi criança, pode renegar esse convite. Ao mergulhar nessa aventura o leitor irá (re)viver os sonhos, as fantasias e as peripécias do mundo infantil


Rosa Luzia Ribeiro da Silva


A dispensa da Vó Bisa




Hoje acordei lembrando da casa de minha querida e amada avó. A “dispensa”, quartinho onde ela guardava os alimentos, presenciou muitas traquinagens minha e de meus primos e tios.
Era um lugar pequeno, cheio de “berimbelos”. Havia umas prateleiras improvisadas com tábuas onde minha avó organizava os mantimentos, tudo em grande quantidade, pois a fartura era uma característica familiar.
Lembro-me bem do fogão à lenha que ficava ao lado da dispensa e que era mantido aceso durante todo o dia. O chá de laranjeira, o cafezinho com farinha de borra, o café coado...huumm!!! E o beiju com juriti!? Quanta saudades!!
Outro dia fui ao mercado e me deparei com um produto que nunca faltava na casa da vó Bisa – Q’refresco ou Ki-suco – o refresco artificial mais gostoso que já tomei. 
Senti uma sensação nostálgica tomando conta de mim...

Rosa Luzia

ENTENDENDO A DEMOCRACIA: primeiro passo para a participação democrática eficaz


Viver numa democracia não é tarefa fácil. Sabe-se que numa democracia a vontade da maioria prevalece, porém, nem tudo que a maioria decide ou escolhe é o melhor para a maioria. O que se percebe é que muitas pessoas não conhecem a responsabilidade que têm ao escolher o seu representante. Há também os que não sabem que a sua decisão pode comprometer a vida de um país inteiro e, é por isso que é importante que as escolas abordem desde muito cedo o tema democracia nas salas de aula.
 A educação para a democracia é essencial para que a cidadania ocorra efetivamente de acordo com o conceito a ele estabelecido. O importante na democracia é que o povo tem o poder de escolher seus representantes, contudo, há também aspectos negativos como o fato de muitos não fiscalizarem ou mesmo acompanharem o desempenho de seus representantes após as eleições. Não basta escolher este ou aquele. É preciso escolher aquele que tem propostas que atendam às necessidades da maioria, aqueles que sentem as dores do povo, que visam inserir propostas que contemple não apenas os seus eleitores, mas a nação inteira.
Acredita-se que se as crianças forem estimuladas e ensinadas desde as séries iniciais, os valores e os conceitos de democracia, suas escolhas serão mais acertadas, as más escolhas serão reduzidas e ainda poderão ser disseminadores de informações entre seus familiares, erradicando a visão individualista que permeia a nossa sociedade. Os professores como formadores de opinião devem conhecer o tema e buscar debate-lo no espaço escolar, oportunizando os alunos a debater temas que envolve a democracia, realizar plebiscitos, Conferências e Fóruns que desperte nas crianças o desejo de opinar e de contribuir para a construção de um país mais justo e igualitário.
É notório a urgência de se iniciar um debate no âmbito escolar sobre a implantação de metodologias que desperte no aluno a necessidade de contribuir para tal mudança no cenário atual da realidade brasileira, onde os interesses coletivos prevaleçam sobre os interesses individuais, contribuindo positivamente para a verdadeira democracia.

 Autoria: Rosa Luzia Ribeiro da Silva

VASCULHANDO MINHAS MEMÓRIAS...

 Há algum tempo me descobri “apaixonada.”  A paixão que aqui declaro, pertence a um gênero literário bastante incomum. Memórias – esse é o g...