quinta-feira, 9 de agosto de 2018

RELATO DE PRÁTICA – Memórias Literárias




Professora Rosa Luzia Ribeiro da Silva
Escola: Lélia Silva trindade


2014, ano de “Copa do Mundo”. Para muitos brasileiros ser campeão da Copa seria a melhor conquista, mas não para mim! Sou professora de Língua Portuguesa e há 17 anos atuo na rede pública municipal de minha cidade - Anísio de Abreu – que situa-se na região semiárida do Estado do Piauí, mais especificamente no corredor ecológico que liga os Parques Nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões.
2014 para mim representa muito mais que o ano em que o Brasil sediaria a Copa do Mundo. 2014, meus caros, é um “ano par”, ou seja, ano de Olimpíada de Língua Portuguesa!!
Participei de três das quatro edições da Olimpíada de Língua Portuguesa, sempre com as categorias: poesia e crônica. Mas este ano, foi diferente!! Leciono nas séries finais do Ensino Fundamental (8º e 9º anos). Fiquei muito feliz quando percebi, que este ano, poderia participar da Olimpíada de Língua Portuguesa também na categoria Memórias Literárias, pois tenho verdadeira paixão pelo gênero!
As aulas iniciaram e eu com toda empolgação fui logo falando aos alunos sobre a nossa meta para este ano: participar e quiçá, vencer a Olimpíada de Língua Portuguesa!! E parafraseando Barack Obama, usei o quanto pude a expressão: “Sim, nós podemos!” Confesso que não acreditava muito em tal possibilidade, devido à escassez de tempo, pois nosso calendário escolar havia sido modificado devido a tão sonhada Copa do Mundo. Mas como tinha conhecimento dos gêneros a serem trabalhados em cada série, iniciei os trabalhos focados na Olimpíada mesmo antes da chegada do material.
A princípio, fiz a divulgação da Olimpíada. Nesse período, fiz referência aos alunos de minha cidade que já haviam participado das etapas regionais da Olimpíada em edições anteriores (2008 e 2010) que coincidentemente pertenciam aos gêneros Memórias e Crônica. Mostrei para eles que tínhamos grandes chances de também chegarmos a essa etapa.
Com os alunos do 8º ano, incentivei a leitura de livros de memórias como “Bisa Bia, bisa Bel”, “Por parte de pai” e “O olho de vidro de meu avô” entre outros. Alguns dos livros sugeridos foram lidos e apresentado pelos alunos por meio de roteiro de leitura e exposição oral. Contudo, tive resistência de alguns alunos, pois a maioria não tem o hábito de leitura e não conseguiram entender o real objetivo da atividade. Mesmo assim, insisti no meu objetivo!
Quando o material chegou, comecei a realizar as Oficinas propostas. E o tempo??? Curtíssimo!!!!!!!
Os conteúdos do livro didático foram deixados de lado...Lembro-me que a primeira atividade a ser realizada foi a apresentação de um áudio do texto indicado no material de apoio, lembro-me ainda, que todos acharam difícil, mas tratei logo de dizer-lhes que era possível, até porque eles falariam de algo que eles conhecem - o lugar onde vivem!
Tínhamos exatas 3 semanas (15 aulas) para realizar as Oficinas propostas, assim, convoquei a turma para elaborarmos coletivamente o questionário para a entrevista, seguindo a sugestão do caderno.
Na aula seguinte, sugeri a realização de uma pesquisa de campo (para garimpar objetos, fotos e moradores que lembrassem algo sobre o lugar) - essa etapa foi muito prazerosa – alguns alunos saíram a campo perguntando a várias pessoas (pais, vizinhos, avós, moradores da comunidade, até o vigia da escola entrou nesse rol) o que eles lembravam do lugar onde eles viviam (brincadeiras, vocabulário, namoro, locais, comidas e TODA marca do passado que pudessem lembrar).
Ainda tínhamos que fazer a exposição dos objetos achados – que por sinal foi PER-FEI-TA!!!;
A apresentação do resultado das entrevistas foi muito gratificante pois percebi a empolgação dos alunos ao contar o que haviam colhido (essa atividade nos fez viajar até os primeiros anos de criação de nosso município) – A semente havia sido plantada!
Na etapa seguinte partimos para a elaboração do texto a partir da entrevista realizada, e por fim, a seleção dos melhores textos!! – Isso me rendeu noites e noites de muita leitura e anotações. A esta “altura do campeonato”, tínhamos apenas 1 semana. Eu já me encontrava “no limite” rsrsrsr, mas a empolgação (minha e dos meus alunos) persistia em reinar.
Aventuramo-nos nas inúmeras atividades realizadas: a roda de conversa, a exposição de objetos antigos, as visitas à biblioteca... e a cada história contada, nos rendia muitas e muitas gargalhadas, lágrimas e arrepios!
Os textos foram criando formas e entre linhas, pontos e vírgulas Anísio de Abreu foi sendo descrita num cenário visualizado por cada entrevistador! Foram selecionados os três melhores textos de cada uma das 2 turmas de 8º ano em que leciono. Pedi aos alunos selecionados para enriquecerem seus textos. Sugeri a reescrita dos mesmos, levando em conta as marcas do passado, figuras de linguagem, sentimentos do entrevistado, enfim falei que os textos tinham que “arrepiar” o leitor! E assim o fizeram!!!
Última semana. Reta final... 3 textos...
Análise feita: Edilânia Ferreira dos Santos, o texto é o seu!!!!!!!!
– “Êba!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!” - O grito ecoou nos corredores do Lélia Silva Trindade.
Fim da primeira fase: 1 aluna (autora), 1 professora (orientadora), ambas competidoras! Queríamos vencer mesmo que fosse a etapa Municipal!
Os dias se passaram e logo recebi a notícia!! “Professora, o texto de sua aluna vai representar o Município na Olimpíada de Língua Portuguesa”. Missão cumprida!! – foi o que pensei.
Mas o melhor ainda estava por vir...  O texto de minha aluna foi selecionado para a Etapa Regional. A felicidade tomou conta de mim!!! Percebi que nada e nenhuma dificuldade supera tamanha alegria. Como dizia o poeta Fernando Pessoa, “Somos do tamanho de nossos sonhos”. E o nosso sonho foi concretizado, Medalha de bronze, você é NOSSA! E o segredo? Acreditar que somos capazes! Semifinal, aí vamos nós!!!!!!!!!!!
Por tudo isto, 2014 para mim, é “ano ímpar”!!!


Nenhum comentário:

VASCULHANDO MINHAS MEMÓRIAS...

 Há algum tempo me descobri “apaixonada.”  A paixão que aqui declaro, pertence a um gênero literário bastante incomum. Memórias – esse é o g...