Professora Rosa Luzia Ribeiro da
Silva
Escola: Lélia Silva trindade
2014, ano de “Copa do Mundo”.
Para muitos brasileiros ser campeão da Copa seria a melhor conquista, mas não
para mim! Sou professora de Língua Portuguesa e há 17 anos atuo na rede pública
municipal de minha cidade - Anísio de Abreu – que situa-se na região semiárida
do Estado do Piauí, mais especificamente no corredor ecológico que liga os Parques
Nacionais Serra da Capivara e Serra das Confusões.
2014 para mim representa muito
mais que o ano em que o Brasil sediaria a Copa do Mundo. 2014, meus caros, é
um “ano par”, ou seja, ano de Olimpíada de Língua Portuguesa!!
Participei de três das quatro
edições da Olimpíada de Língua Portuguesa, sempre com as categorias: poesia e
crônica. Mas este ano, foi diferente!! Leciono nas séries finais do Ensino
Fundamental (8º e 9º anos). Fiquei muito feliz quando percebi, que este ano,
poderia participar da Olimpíada de Língua Portuguesa também na categoria
Memórias Literárias, pois tenho verdadeira paixão pelo gênero!
As aulas iniciaram e eu com toda
empolgação fui logo falando aos alunos sobre a nossa meta para este ano:
participar e quiçá, vencer a Olimpíada de Língua Portuguesa!! E parafraseando
Barack Obama, usei o quanto pude a expressão: “Sim, nós podemos!” Confesso
que não acreditava muito em tal possibilidade, devido à escassez de tempo, pois
nosso calendário escolar havia sido modificado devido a tão sonhada Copa do
Mundo. Mas como tinha conhecimento dos gêneros a serem trabalhados em cada
série, iniciei os trabalhos focados na Olimpíada mesmo antes da chegada do
material.
A princípio, fiz a divulgação da
Olimpíada. Nesse período, fiz referência aos alunos de minha cidade que já
haviam participado das etapas regionais da Olimpíada em edições anteriores
(2008 e 2010) que coincidentemente pertenciam aos gêneros Memórias e Crônica.
Mostrei para eles que tínhamos grandes chances de também chegarmos a essa
etapa.
Com os alunos do 8º ano,
incentivei a leitura de livros de memórias como “Bisa Bia, bisa Bel”, “Por
parte de pai” e “O olho de vidro de meu avô” entre outros. Alguns dos livros
sugeridos foram lidos e apresentado pelos alunos por meio de roteiro de leitura
e exposição oral. Contudo, tive resistência de alguns alunos, pois a maioria
não tem o hábito de leitura e não conseguiram entender o real objetivo da
atividade. Mesmo assim, insisti no meu objetivo!
Quando o material chegou, comecei
a realizar as Oficinas propostas. E o tempo??? Curtíssimo!!!!!!!
Os conteúdos do livro didático
foram deixados de lado...Lembro-me que a primeira atividade a ser realizada foi
a apresentação de um áudio do texto indicado no material de apoio, lembro-me
ainda, que todos acharam difícil, mas tratei logo de dizer-lhes que era
possível, até porque eles falariam de algo que eles conhecem - o lugar onde
vivem!
Tínhamos exatas 3 semanas (15
aulas) para realizar as Oficinas propostas, assim, convoquei a turma para
elaborarmos coletivamente o questionário para a entrevista, seguindo a sugestão
do caderno.
Na aula seguinte, sugeri a
realização de uma pesquisa de campo (para garimpar objetos, fotos e moradores
que lembrassem algo sobre o lugar) - essa etapa foi muito prazerosa – alguns
alunos saíram a campo perguntando a várias pessoas (pais, vizinhos,
avós, moradores da comunidade, até o vigia da escola entrou nesse rol) o que
eles lembravam do lugar onde eles viviam (brincadeiras, vocabulário, namoro,
locais, comidas e TODA marca do passado que pudessem lembrar).
Ainda tínhamos que fazer a
exposição dos objetos achados – que por sinal foi PER-FEI-TA!!!;
A apresentação do resultado das
entrevistas foi muito gratificante pois percebi a empolgação dos alunos ao
contar o que haviam colhido (essa atividade nos fez viajar até os primeiros
anos de criação de nosso município) – A semente havia sido plantada!
Na etapa seguinte partimos para a
elaboração do texto a partir da entrevista realizada, e por fim, a seleção dos
melhores textos!! – Isso me rendeu noites e noites de muita leitura e
anotações. A esta “altura do campeonato”, tínhamos apenas 1 semana. Eu já me
encontrava “no limite” rsrsrsr, mas a empolgação (minha e dos meus alunos)
persistia em reinar.
Aventuramo-nos nas inúmeras
atividades realizadas: a roda de conversa, a exposição de objetos antigos, as
visitas à biblioteca... e a cada história contada, nos rendia muitas e muitas
gargalhadas, lágrimas e arrepios!
Os textos foram criando formas e
entre linhas, pontos e vírgulas Anísio de Abreu foi sendo descrita num cenário
visualizado por cada entrevistador! Foram selecionados os três melhores textos
de cada uma das 2 turmas de 8º ano em que leciono. Pedi aos alunos selecionados
para enriquecerem seus textos. Sugeri a reescrita dos mesmos, levando em conta
as marcas do passado, figuras de linguagem, sentimentos do entrevistado, enfim
falei que os textos tinham que “arrepiar” o leitor! E assim o fizeram!!!
Última semana. Reta final... 3
textos...
Análise feita: Edilânia Ferreira
dos Santos, o texto é o seu!!!!!!!!
– “Êba!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!” -
O grito ecoou nos corredores do Lélia Silva Trindade.
Fim da primeira fase: 1 aluna
(autora), 1 professora (orientadora), ambas competidoras! Queríamos vencer
mesmo que fosse a etapa Municipal!
Os dias se passaram e logo recebi
a notícia!! “Professora, o texto de sua aluna vai representar o Município na
Olimpíada de Língua Portuguesa”. Missão cumprida!! – foi o que pensei.
Mas o melhor ainda estava por
vir... O texto de minha aluna foi selecionado para a Etapa Regional.
A felicidade tomou conta de mim!!! Percebi que nada e nenhuma dificuldade
supera tamanha alegria. Como dizia o poeta Fernando Pessoa, “Somos do
tamanho de nossos sonhos”. E o nosso sonho foi concretizado, Medalha
de bronze, você é NOSSA! E o segredo? Acreditar que somos capazes!
Semifinal, aí vamos nós!!!!!!!!!!!
Por tudo isto, 2014 para mim, é “ano
ímpar”!!!
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