Fazendo História
“É tempo de travessia: e, se não
ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.”
Pensando nessas palavras de Fernando Pessoa, convoquei meus alunos do 9º ano a
trilhar junto comigo todas as etapas da 4ª Edição da Olimpíada de Língua
Portuguesa. E fundamentados no pensamento de Mário Quintana o qual afirma que
“são os passos que fazem os caminhos’, resolvi seguir cada passo sugerido para
alcançar nosso objetivo: Vencer a Etapa Municipal da Olimpíada, pois para nós,
isso já seria uma bela conquista!
Estou na docência há mais de 15
anos e participei de 3 das 4 Edições da Olimpíada de Língua Portuguesa, porém
nunca com muito sucesso!
Este ano, ao mesmo tempo que
trabalhava com o 8º ano com o gênero “Memórias Literárias”, com o 9º ano, o
gênero era “Crônica”. Aqui o olhar tinha que ser mais sensível. Então, a minha
missão era provocar em meus alunos a garimpagem cenas corriqueiras do “Lugar
onde vivem” que pudessem se transformar em “histórias” onde o cenário e os
protagonistas fossem de nossa Anísio de Abreu.
A princípio, fiz a divulgação da
Olimpíada, mostrei um slide com a definição do gênero e suas principais
características do mesmo. Em seguida, busquei colocar meus alunos em contato
com uma diversidade de crônicas - o livro didático contribuiu bastante, pois
nos traz muitos textos de tal gênero. Apresentei à turma a coletânea de textos
(material da última Olimpíada), pedi que escolhessem aquele que mais lhes
chamassem atenção pelo título. As escolhidas foram: A última crônica (que
por sinal sensibilizou muitos deles), Um caso de burro, Peladas e
O amor acaba, esta última inspirou a elaboração de um texto coletivo sobre o
tema “Amor”. O primeiro texto nos estimulou a fazermos reflexões sobre a
escrita.
Pedi que os alunos listassem
sobre situações típicas do cotidiano do nosso município, escola, comunidade...
e escolhessem uma e, a partir dela, escrevessem uma crônica, considerando as características
do gênero. - Vamos fazer história! – mal sabia eu que
íamos mesmo!! Para minha surpresa, muitos textos estavam adequados.
Em outra ocasião pedi que
trouxessem fotos de cenas do cotidiano e realizamos uma atividade com o tema:
“Isso dá crônica”. Em duplas, elaboraram crônicas e fizemos a exposição das
mesmas para a turma. Essa etapa foi bastante produtiva.
Pedi que pesquisassem em sites
locais, as últimas notícias sobre o município. Daí obtivemos uma série de
temas: campeonatos, festejos, assaltos, escassez de água, violência, drogas e
uma infinidade de temas que possibilitou a escrita de crônicas com enfoques
diversos (humor, crítica ou emoção).
As oficinas foram acontecendo de
forma natural e o gênero foi sendo assimilado pelos alunos a cada dia. Confesso
que eles se saíram melhor que o esperado. Claro que tiveram aqueles que
resistiram em realizar as propostas, mas no geral, foi ótimo! Fomos interrompidos
pelas férias que, este ano, foram mais longas devido à Copa do Mundo!
As férias terminaram e era a hora
de iniciar a proposta da Olimpíada de Língua Portuguesa e construir uma crônica
com o tema "O lugar onde vivo". Agora era pra valer!! Não bastava ter
linguagem simples, tinha que tocar o leitor, provocar sentimentos...situá-lo no
espaço e no tempo...utilizar os verbos de dizer...usar figuras de linguagem,
enfim, a escolha do tema seria fundamental! E o olhar e sensibilidade do
cronista imprescindível!!
Dado início às propostas,
obtivemos bons textos. Alguns bastante adequados à Olimpíadas, outros nem
tanto! Por fim, apenas três textos me chamaram atenção: o primeiro me falava da
copa do mundo, o outro falava da própria olimpíada, e o terceiro falava de algo
singular - uma obra inacabada que foi construída em frente a única atração
turística da cidade. Estes foram os escolhidos para serem aprimorados, mas
apenas um representaria a escola na etapa municipal.
Ainda tinha um desafio: atingir
os alunos que não se engajaram. Buscar técnicas para tocá-los, buscando o
crescimento coletivo. Apresentei alguns textos produzidos em etapas anteriores
por aluno da escola. Lembro-me de um comentário: “Nossa, professora foi ele
mesmo quem fez?” e também da minha resposta: “Sim, após várias reescritas”.
Já estávamos na última semana e
incansavelmente as alunas, autoras das melhores crônicas, reescreveram seus
textos buscando aprimorá-los e adequá-los às exigências da Olimpíada. Gabriela
da Luz, foi a aluna autora do melhor texto. E o texto que representaria a
escola? “Nem sempre quem cala consente”.
Alcançada a Etapa Municipal,
restava apenas torcer para que o nosso texto conseguisse chegar à próxima
Etapa.
Semanas se passaram e o
inesperado aconteceu. Recebi um E-mail nos parabenizando pela classificação na
Etapa Regional da Olimpíada de Língua Portuguesa de 2014. E a profecia se
cumpriu:Fizemos História!! Anísio de Abreu, pela terceira vez é Medalha de
Bronze!!
Faço minhas as palavras de Martin
Luther King: após esta conquista, “não sou mais o que era antes!
Rosa Luzia Ribeiro da Silva
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