quinta-feira, 9 de agosto de 2018

RESENHA - UM CONVITE À IMAGINAÇÃO




Baseado no poema: História da unha do dedão do pé, de Manoel de Barros, o vídeo em desenho animado: Histórias da unha do dedão do pé do fim do mundo dirigido por Evandro Salles e Márcia Roth, traz uma animação bastante envolvente que apesar de pequeno e simples, consegue tocar o leitor/expectador de qualquer idade, contribuindo para o repensar da função da escrita e suas infinitas possibilidades.
De forma lúdica e criativa, Evandro Salles e Márcia Roth sugerem ao leitor uma viagem ao reencontro com o mundo da infância, nitidamente descritas, por meio das conversas do autor com sua mãe, bem como os sonhos e as imaginações das crianças que viam, no mundo da fantasia, as possibilidades de viverem situações impossíveis na sua realidade. Ao mergulhar na história contada na animação, o leitor (expectador) tende a resgatar a infância perdida ou mesmo esquecida no cenário da sociedade atual.
Manoel de Barros mostra em seu poema, a relação que ele tinha com as letras, as palavras, os significados, enfim, com a imaginação. Tanto o poema como o vídeo podem ser usados, principalmente, na Educação Infantil, sinalizando possibilidades de letramento entre este público. A animação do poema mostra a pureza das coisas, a leveza e a delicadeza presente na vidas das crianças, e esta semelhança entre o poema e as crianças, desperta também nos educadores a possibilidade de trabalhar “‘História da unha do dedão do pé’ do fim do mundo”,em sala de aula, sensibilizando os alunos sobre este gênero tão pouco explorado em ambientes escolares nos dias atuais, onde a tecnologia invade, sem pedir licença, o coração e a mente de nossas crianças.
Seus versos descrevem a escrita e as palavras por meio de imagens. Manoel de Barros afirma que “Escrever é como levar água na peneira” levando-nos a perceber a infinidade de possibilidades da escrita. O poema pode agradar tanto adultos como crianças visto que em qualquer idade podemos viajar no mundo da imaginação e se apaixonar pelas letras e pelas palavras, pois como o próprio autor menciona em seus versos, “O tamanho das coisas a de ser medido com a intimidade que temos com tais coisas”. Assim, quanto mais cedo a criança tiver contato com o mundo da leitura e da escrita, mais precocemente será letrada.
O poeta, faz-nos “um convite ao desprendimento, um convite à lógica, às situações livres e até absurdas - “sem pé nem cabeça”, e por fim, um convite a realizar coisas que só a inocência das crianças nos permitem. Que tal vestirmo-nos do espírito infantil e gozarmos dessa deliciosa viagem que o autor nos propõe? Afinal, somente quem nunca foi criança, pode renegar esse convite. Ao mergulhar nessa aventura o leitor irá (re)viver os sonhos, as fantasias e as peripécias do mundo infantil


Rosa Luzia Ribeiro da Silva


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